ENTRETANTO é um clube de relacionamento que usa a fotografia como forma de aproximação pessoal. Cri

terça-feira, 27 de março de 2012

Do encontro com a fotografia

por Anelise W. Molina



Depois de oito convites, aos quais não consegui atender, finalmente, consegui comparecer ao Entretanto.

A proposta de um encontro de fotógrafos, de todos os níveis técnicos, das mais variadas formações e dos mais diferentes ramos criativos e profissionais, simplesmente me encantava. Lembro quando o Plínio me falou, pela primeira vez, sobre a idéia. Isso já faz uns 3 anos. Em meio a caras descrentes ele explicou como imaginava que seria um grupo de fotografia que se encontrasse de forma descontraída e que discutisse fotografia de forma, ao mesmo tempo, profunda e despretensiosa.

Entendo a fotografia como ponte. Não consigo ver de outra forma. Sobretudo hoje, com nossos novos meios de produção das imagens, com toda a velocidade e toda a qualidade técnica estamos 100% do tempo compartilhando imagens. Estamos compartilhando nossa visão. Acho que o único momento em que não fazemos isso é quando estamos dormindo. Ainda. Eu acredito que, em breve, estaremos compartilhando nossos sonhos. Não de forma poética, mas de forma literal.

Nós, fotógrafos, nos sentimos impelidos a registrar e compartilhar. Fotografia guardada na gaveta ou armazenada no computador perde o sentido. Fotografia só existe no momento em que é captada, interpretada e reinterpretada eternamente por quem a observa, por quem a consome. Nós, os produtores da imagem, somos instrumentos de uma causa maior. Registramos e damos nossas “cores” ao mundo. Hoje o mundo existe por conta das imagens incessantemente criadas e compartilhadas através de inúmeras interfaces virtuais disponíveis. Fascinante, não? Não é fascinante pensar que, afinal de contas, partilhamos nossas impressões sobre o mundo?

Dentro desse contexto, temos que pensar quem somos nós? Quem são essas figuras que produzem esse conteúdo? O que sabemos sobre o mundo? Como e com o que produzimos as imagens que espalhamos pelo mundo? Eu tenho curiosidade de saber quem são. Você não?

Pois então, vamos ao Entretanto. Uns se dizem curiosos. Outros entusiastas. Outros ainda aparecem com aquelas lentes enooooormes e fazem cara de “iniciado” de “profissional”. Independente de como nos comportamos. Independente de quanto sabemos sobre técnica e equipamento. Independente de quanto já fotografamos. É bom fazer parte da mesma tribo. Ter esse sentimento de pertencimento. Sabemos que o que fazemos é importante. Nos reconhecemos. Nos entendemos das mais variadas formas. Ser fotógrafo passa a ter mais um sentido. Ser fotógrafo é ter iguais.  Encontro com a fotografia, Encontro com fotógrafos. Encontro com futuros amigos.

Sim, já nos encontramos antes. ENTRETANTO este é só o começo!

Sobre o 10º ENTRETANTO



por Plínio Ricardo

O lado afetivo que desde a infância agrego a fotografia ganha vida a cada encontro do Projeto Entretanto assim como no sonho do menino que acreditou que conheceria o mundo com o poder de suas lentes. A câmera então, seria o alíbi para se estar ali, de peito aberto, de cara para o novo. 
Na cidade histórica de Pirinópolis nos encontramos sob a luz do entardecer para por em prática a grande vontade de estarmos juntos, entre amigos de cabeça pensante que por ora ou outra falam sério em seus assuntos de intelecto e profissão, mas na grande maioria das vezes falam sobre a vida e suas entrelinhas. A noite caiu o ponto de encontro foi o belo Restaurante Empório do Cerrado. Regados a bom vinho e saborosa comida Gourmet debatemos sobre o trabalho de Diane Arbus, fotógrafa americana que se especializou em mostrar o lado angustiado da cultura americana. Anomalias genéticas e pessoas a margem da sociedade eram presentes em suas composições. 
Falamos sobre como culturas tradicionais  são afetadas drasticamente pelos projetos missionários fundamentalistas de certas vertentes da Igreja Evangélica. Situação que pude presenciar durante meu trabalho fotográfico com a comunidade quilombola Kalunga, que tem suas tradições religiosas ameaçadas devido a crescente influência evangélica dentro de seu território, tal influência pode ser percebida até nas vestimentas. A maior força de identidade daquele povo são os costumes, que agora estão sendo condenados e aos poucos esquecidos pelos jovens. 
A Lomokino, uma filmadora analógica rudimentar, de lente de plástico, foi apresentada aos participantes. Quase uma buginganga, custa por volta de R$ 200,00 e faz imagens em movimento rodando um filme fotográfico 35mm, encontrado em qualquer loja. O resultado são filmes “Vintages” que pela precariedade estética se transforma em uma linguagem expressiva. 
No domingo desfrutamos uma tarde no Santuário Vaga-Fogo, onde caminhamos por entre trilhas de árvores altas até uma refrescante e límpida piscina natural. De volta ao Restaurante Empório do Cerrado, uma cervejinha para brindar o pôr-do-sol. Ao voltar para Brasília, estávamos certos de termos vividos na prática o conceito de “Good Time”